sábado, 20 de setembro de 2008

Reencontro

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Olharam-se nos olhos e ele disse:
- Andei a perder o meu tempo contigo. És das pessoas mais desinteressantes que já conheci.
Ao que ela respondeu:
- Não viste nada.
E, fechando o punho direito, puxou atrás o braço e assentou-lhe um soco no maxilar esquerdo, deixando-o a escorrer um fio de sangue pelo canto da boca e partindo dois dedos da mão: o médio e o anelar.
Ou então

Rewind

Olharam-se nos olhos e, sem dizer nada, beijaram-se uma e outra vez, tentando em poucos minutos recuperar o tempo perdido.
Ou então

Rewind

Olharam-se nos olhos e, sem dizer nada, ele beijou-a. Mas ela afastou-o bruscamente, dizendo:
- És das pessoas mais desinteressantes que já conheci. Não me faças perder mais tempo.
E voltou-lhe as costas.
Ou então

Rewind

Olharam-se nos olhos e ele disse:
- Eu gosto de ti e sei que também gostas de mim. Já chega de perder tempo. Fica comigo.
E ela respondeu, com dureza:
- Eu não mereço ser amada, eu não sei ser amada. Não percas o teu tempo comigo porque eu vou sempre escolher o escuro. De lá vejo melhor. É por isso que vejo tão bem o amor. Porque estou à sombra. Não vês a cor da minha pele? É pálida.
Sentindo-se dominar pela revolta, ele pergunta:
- Mas podia ser diferente. Como é que podes não escolher o amor?
- Já disse. – respondeu ela, com muita calma – Para o compreender melhor. Estás a ver esta? – e apontou para o chão, para a sua própria sombra – Nem tu a podes iluminar. Ninguém pode.
E voltou-lhe as costas, para sempre.
Ou então

Rewind

Olharam-se nos olhos e ela disse:
- Não podes fingir que este encontro não significa nada. Vamos fazer de conta que nunca chegámos a perder tempo e tentar outra vez. Fica comigo.
E ele respondeu, com dureza:
- Foi muito fácil apaixonar-me por ti. E inacreditavelmente difícil esquecer-te. A que é que achas que dou mais valor?
Abismada, ela pergunta:
- Como é que podes não escolher o amor? Podia ser diferente, desta vez.
- Nunca é diferente com ninguém. É sempre tudo igual. E eu não estou a não escolher o amor. Simplesmente escolho não o ter contigo.
E voltou-lhe as costas, para sempre.
Ou então

Rewind

Olharam-se nos olhos e após um breve silêncio, ela disse:
- Há quanto tempo… Então, ‘bora tomar café?
Ele sorriu e respondeu:
- ‘Bora!
E afastaram-se os dois, rindo, como velhos amigos.
Ou então

Rewind

Olharam-se nos olhos por uma breve fracção de momento e, apressadamente, desviaram o olhar fingindo não se ter visto, seguindo cada um o seu caminho, em direcções opostas, ambos imaginando que se tinham beijado.
Para sempre.

Stop

The End

2 comentários:

QT disse...

Sem dúvida que um cigarro manufacturado tem outro sabor..=)

Quanto à referência ao Big Fish, não posso precisar, mas sim acho que tens razão porque me lembro de algo relacionado com o tema..se bem que me lembre mais do Pulp Fiction (o diálogo entre a Mia Wallace e o Vincent Vega , no Jack Rabbit Slims)..

Quanto a este Reencontro, achei fantástica a multiplicidade de "finais" diferentes que deste à história..para todos "os gostos, feitios e estados de espírito"..=D Parabéns

Alexandra disse...

fantastico!