domingo, 22 de novembro de 2015

Poema outonal

É o Outono, claramente.
É tudo a ficar mais frio, mais indiferente.
É tudo amarelar-se e cair devagar.
É eu não ouvir nada

porque está tudo submerso em chuva,
como um cobertor de água ruidosa
que me separa do resto do mundo.

É escrutinar o passado e não querer saber o futuro.
É engolir em seco sobre a garganta cansada.
É pestanejar devagar
para fazer durar o tempo em que se está de olhos fechados.

É ser-se assombrado por memórias de coisas que não aconteceram
e as emoções sobre isso serem mais fortes
do que a dor de um dedo cortado em papel.
É, claramente, Outono.