Nada me inspira maior terror
que a visão da tua descendência.
Que mais poderia causar tamanha dor
senão os teus traços num rosto de inocência;
a multiplicação dos teus genes
misturados com outros que não os meus
tornando acres as lembranças perenes
do sabor dos meus lábios sobre os teus.
Alivia-me saber-te perpetuado
e encho-me de uma ternura brutal
mas o meu olhar torna-se aguado
afogando qualquer instinto maternal,
a que nem eu sou imune,
transformando-o num ódio visceral
nascido do meu ciúme.
Os meus melhores sofrimentos são antecipações
e nelas reside a minha arte:
dos ouvidos correr-me-à sangue em borbotões
por nunca conseguir calar-te.
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1 comentário:
Bem, minha poeta. Está genial... nunca tinha pensado nisto... é cruel e corajoso de assumir. és grande e tenho saudades.
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