quinta-feira, 30 de outubro de 2014

poema parado #2

cães e lagartas e os mais variados animais de variadíssimas espécies trepam pelos meus pés e seguem os meus movimentos com os olhos e as asas. nunca a ausência de vida. nunca a ausência de movimento. sempre um agitar de coisas e de seres animados pelo sangue ou apenas pela deslocação do ar falando às cortinas e às portadas da janela. nunca o silêncio.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

poema parado #1

ponho em prática o pensar petrificado dos quotidianos dias esquecidos diariamente implacavelmente e sem qualquer nostalgia esmagados pelo seguinte que mói da mesma maneira só por se somar aos demais dias e demais práticas e demais petrificações gastas pelas horas vazias de acção movimento acontecimento razão sentimento emoção química cinética física matemática língua corpo chão tecto mesa lápis objectos em geral mobília em geral e vida em geral para ser qualquer coisa mais em particular e que se mexa mesmo que imersa na mais profunda banalidade.
pausa
pausa
pausa
pausa
é tudo tão mágico.

sábado, 29 de março de 2014

Primeira canção:

Ela sabe que é normal.
Ela sabe que fui eu.
Ela sabe que doeu.
Ela sabe que fui eu.

Ela sabe que é normal.
Ela sabe como é feio.
Ela sabe que é normal.
Ela sabe ao que veio.

Ela sabe que é difícil.
Ela ainda não esqueceu.
Ela sabe que é difícil.
Ela sabe que fui eu.

[Eu não quero saber.
Eu não aceito.
Eu não quero saber.
Eu não reconheço este conceito.
Eu não quero saber.
Eu rejeito.]

Ela sabe que é normal.
Ela já conhece o mal.
Ela sabe como é feio.
Ela sabe ao que veio.
Ela ainda não esqueceu.

Ela sabe que fui eu.