quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Cena de paixão escaldante improvisada

Apenas duas cadeiras. E eles sentados frente a frente, sem nada entre si a não ser o ar que partilhavam em respirações nervosas.
- Então, o que é que tens feito? – perguntou ele - Não sei nada de ti há meses.
- Hhmm. O de sempre. Nada de especial. Apaixonei-me e voltei a desapaixonar-me nos entretantos mas fora isso, fui eu e a praia. – respondeu ela.
- Não tiveste saudades minhas?
- Sinceramente, não pensei muito em ti. Volta e meia lembrava-me da tua cara mas esquecia-me logo a seguir. Sem ofensa. Aliás, agora que penso nisso, é estranho. Quando me lembro de ti, estás sempre muito sério. Costumo lembrar-me das pessoas quando estão a rir, às gargalhadas mesmo.
- Estás a tentar dizer que não tenho piada? – provocou ele.
- Não, até tens a tua graça. Suponho que as minhas recordações de ti não sejam muito felizes. Não são. – e encolheu os ombros, com uma certa indiferença.
- Nesse caso devíamos fazer alguma coisa para mudar isso. – soerguendo-se, beijou-a impetuosamente. A princípio ela correspondeu com intensidade, desencostando-se da cadeira na direcção dele e agarrando-lhe o pescoço com as duas mãos, depois do que o empurrou bruscamente e se levantou de um salto, ofegante. Com toda a força que tinha, deu-lhe um estalo na face esquerda.
- Podes parar por aí. – disse, com azedume.
- O quê? Vais dizer que não te sentes atraída? Não foi isso que me pareceu. – desafiou ele, com um sorriso sobranceiro, agarrado à cara.
- Se eu beijasse e fodesse todas as pessoas por quem me sinto atraída, para além de bissexual, era uma puta. Ora não sou nem uma coisa nem me considero ou aspiro à outra. Podes parar. – repetiu, já com a respiração mais calma, mas nem por isso com o coração menos acelerado.
- Quem é que falou em foder?
- Não se falou mas pensou-se. Não me chames estúpida. Sei bem que estás a pensar por aqui – agarrou-lhe os testículos – e não por aqui. – largando-os, bateu-lhe com os dedos na testa, furiosamente. – Eu não gosto das coisas pela metade. Quando quero, quero tudo. Por isso não quero. Podes parar. – voltou a repetir.
- Desculpa. – disse ele, largando a cara humildemente, chegando mesmo a corar de nervosismo, sem saber o que fazer a seguir.
Ela olhou para aquele rosto acriançado e leu o embaraço dele. Atirando a cabeça para trás, suspirou, impaciente. Teria de ser ela a tomar as rédeas. Deu-lhe outro estalo, na mesma face. Ele continuou sem reacção, olhando-a fixamente, indeciso. Ela voltou a esbofeteá-lo, desta vez na face direita. Subitamente, decidindo-se, ele ergueu a mão e, sem se conter minimamente, retribuiu o estalo. Ela viu estrelas e, ainda meio zonza mas contente por finalmente o ter arrancado do bloqueio, puxou-o bruscamente pelo cós das calças, beijou-o o mais agressivamente que conseguiu e despiu-lhe a camisola, atirando-a para longe, pelo ar.
Parando, romperam os dois em gargalhadas nervosas enquanto a assistência rompia em aplausos, assobios e comentários jocosos:
- Come on baby, light my fire!
- Eh, porno stars aí!
- Hardcore, heavy-metal!
- Desculpem lá mas isso foi muito à reality-show! Que bimbos, pá!
- Boa. – rematou a encenadora, fazendo-lhes sinal para se sentarem. Eles assim fizeram, satisfeitos, dando lugar ao próximo exercício.
- Já te estavas a esticar, bebé. – disse ele, enquanto voltava a vestir a camisola.
- Estava em personagem, pá. – e desataram os dois a rir outra vez.

3 comentários:

Susana disse...

Hahaha! Enganei-vos? Curtia bué ter-vos enganado! xD

Beijos e saudações parvalhonas!

MaB disse...

Ahahah

Muito bom miúda! Continuo a dizer...cada vez melhor!

Será a vida, ela mesma uma encenação?:D

QT disse...

50% de engano...50% de prazer de ser enganado..=P

Parabéns pela encenação criada.