Eu estava do lado de cá e tu estavas do lado de lá. Era uma barreira de metal o que nos separava. Como se dividisse duas realidades paralelas. Eu podia ouvir a tua voz no meio do meu escuro e tu tinhas tanta luz à tua volta que duvidei que me pudesses ver. Cruzei o meu olhar com o teu e tu cruzaste o teu olhar com o vazio que estava na minha direcção, à minha volta e dentro de mim. Acenei-te com a mão, na esperança de que te apercebesses da minha presença, mas deixei de te ver. A luz apagou-se e foste embora. Agora tenho a tua voz a ressoar-me na cabeça, como música nos ouvidos. E o teu perfil é como um decalque no meu olhar. Vejo-te nos vidros das janelas, nas paredes vazias e nos rostos dos outros. Vejo-te nas folhas de papel, como se fosses uma sombra de luz de muitas cores. Hei-de procurar-te um dia destes. Para que possas deixar de ser esta forma indefinida que tenho tatuada na íris. Para que possas passar para o lado de cá dessa barreira metálica. Quero dar-te uma nova cor. Para isso, hei-de procurar-te um dia.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário