terça-feira, 16 de maio de 2006

Estrela Cadente

A estrela caiu e partiu-se. Os cacos amarelos no chão são como pedaços de mim. Dizem que o tempo cura tudo, basta ter paciência. Basta ter esperança. Mas a estrela vai ficar partida para sempre, por mais cola que eu use. A ferida sara mas fica a cicatriz. A paciência esgota-se porque estamos cansados de ser desesperados. E os cacos pequeninos são impossíveis de apanhar. Mais tarde ou mais cedo vou ter de os varrer. E a estrela vai ficar incompleta para sempre. Vão faltar sempre pedacinhos, por mais minúsculos que sejam. Podemos curar, mas nada volta a ser o que era. Nunca mais vamos ser iguais ao que fomos antes de quebrar. A estrela partiu-se e eu fiquei sem saber se foi porque fechei a porta com força demais, com raiva demais, ou se foi porque tremeu de medo e desgosto ao respirar a tua cegueira do ódio que latejava no ar, e se desiquilibrou. Não importa de quem foi a culpa. Já não há nada a fazer.
A estrela caiu e partiu-se.


2 comentários:

Anónimo disse...

"Mas a estrela vai ficar partida para sempre, por mais cola que eu use. A ferida sara mas fica a cicatriz."

Porque as nossas cicatrizes nos acompanham sempre ao longo da vida, e devemos olhá-las não como dor e mágoa, mas como um sinal de evolução. Porque são elas que nos levam ao que nos tornamos.
E não é que o céu está cheio de estrelas...

Beijo*

Anónimo disse...
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