Ela não saberia dizer ao certo o que primeiro a atraíra. Talvez aquele jeito meio brincalhão de dançar, sem olhar de frente para ninguém em especial. Ou o arzinho tímido de quem se vê em território desconhecido. Ou o facto de as suas tentativas de lhe encontrar o olhar saírem frustradas. Não era costume. Deu por si a seguir-lhe os movimentos irritadamente, persistentemente. Sem qualquer resultado. Adoptou a táctica de ser fixe para as pessoas em redor. Para ele ver como ela podia ser divertida. Se conseguia cativar toda a gente com as suas gargalhadas sinceras, porque não a ele também?
Durante muito tempo tentou captá-lo. A partir de quase nada, ou mesmo de coisa nenhuma, imaginou-o. Riso cómico e característico, fácil e contagiante. Olhos tristes e um pouco parados. O que via só ele sabe. Indícios de uma vida melancólica - como o seu carácter - e de traumas passados e secretos. Mas sempre divertido. De todas as vezes que o via tinha vontade de lhe abraçar aquele lado mais escuro. De lhe beijar aquela sombra do olhar. De lhe conhecer os segredos.
Que injustiça! Ele conseguia ter para si o mistério que ela desejava desde sempre. Talvez mesmo porque nem se apercebia disso. A pobre perguntava-se no meio da sua solidão rodeada de gente se seria apenas ela a reparar. E no momento a seguir envergonhava-se da sua pretensão. Aos poucos, foi perdendo a coragem de o observar. Apagava-se junto dele, com medo de que o calor que lhe emanava do peito embaciasse os vidros das janelas. Aproveitava todos os momentos em que podia apenas fechar os olhos e respirar a presença dele. Em que podia estar de costas, sabendo que ele estava a poucos metros; desafiando-se a si mesma a adivinhar que espaço preciso é que ele ocupava.
Desde pequenina que tinha curiosidade em saber como seria. Uma paixão platónica! Como nas histórias. Agora que sabia, dizia para si mesma todas as noites ao deitar:
Às urtigas, o Amor!!!
Durante muito tempo tentou captá-lo. A partir de quase nada, ou mesmo de coisa nenhuma, imaginou-o. Riso cómico e característico, fácil e contagiante. Olhos tristes e um pouco parados. O que via só ele sabe. Indícios de uma vida melancólica - como o seu carácter - e de traumas passados e secretos. Mas sempre divertido. De todas as vezes que o via tinha vontade de lhe abraçar aquele lado mais escuro. De lhe beijar aquela sombra do olhar. De lhe conhecer os segredos.
Que injustiça! Ele conseguia ter para si o mistério que ela desejava desde sempre. Talvez mesmo porque nem se apercebia disso. A pobre perguntava-se no meio da sua solidão rodeada de gente se seria apenas ela a reparar. E no momento a seguir envergonhava-se da sua pretensão. Aos poucos, foi perdendo a coragem de o observar. Apagava-se junto dele, com medo de que o calor que lhe emanava do peito embaciasse os vidros das janelas. Aproveitava todos os momentos em que podia apenas fechar os olhos e respirar a presença dele. Em que podia estar de costas, sabendo que ele estava a poucos metros; desafiando-se a si mesma a adivinhar que espaço preciso é que ele ocupava.
Desde pequenina que tinha curiosidade em saber como seria. Uma paixão platónica! Como nas histórias. Agora que sabia, dizia para si mesma todas as noites ao deitar:
Às urtigas, o Amor!!!
2 comentários:
Epah, que te dizer... Não sei se é da forma como desenhas as palavras, se é da maneira como o nosso subconsciente faz mergulhar nos textos que escreves... Sei que adoro! ;)
E sim, revisitei "as rosas"! :p
Um beijo*
Lindo! Mas que talento, que talento...
Continua, adoro ler isto! *
Enviar um comentário