segunda-feira, 10 de abril de 2006

Inutilidades com sentido:

- Gesto inútil de fechar os olhos para não ver as imagens que nos passam pela mente e torná-las ainda mais nítidas na escuridão;
- Gesto inútil de suster a respiração para acalmar o passo do coração e ficar sem fôlego, acelerando-o ainda mais;
- Gesto inútil de parar de andar porque nos tremem os joelhos e sentir que o chão nos foge debaixo dos pés;
- Gesto inútil de chorar para expulsar a tristeza e ficar o coração ainda mais seco e vazio que antes;
- Gesto inútil de dizer que não desviando o olhar e denunciar o sim que queríamos gritar;
- Gesto inútil de abrir os olhos com toda a força para não chorar e as lágrimas acumularem até não caber nos olhos e caírem livremente até termos de os cerrar.


Tolos que somos, desviamo-nos dos espelhos e tentamos enganar-nos a nós próprios, mas há coisas de que não podemos fugir. Para quê mentir?

1 comentário:

Anónimo disse...

Como seria um mundo sem mentiras? Como seria se toda a gente dissesse exactamente o que pensa sobre tudo e todos sem temer consequências que daí viessem? Como seria se podessemos saber exactamente com o que contar? Não haveriam gestos inúteis, porque veriamos o início e o fim de tudo, e não haveria necessidade de esconder o que quer que fosse. Devia ser um mundo bastante aborrecido. No entanto era aquele em que queria viver...