sábado, 10 de novembro de 2012

poema dos tubarões


parece-me desleal ser infeliz
enquanto tanto amor me rodeia
tanto me é oferecido
mas com todo este amor
sinto-me debaixo de água
os tubarões sentem o cheiro a sangue
e todos querem o seu pedaço
enquanto estou vulnerável
enquanto resta alguma coisa do que eu tive para dar

mas eu nunca mais vou fraquejar
nunca mais vou mergulhar tão fundo que fique sem ar
nunca mais vou acreditar em amor nenhum
que não seja o meu
nunca mais vou confiar em coração nenhum
que não seja o meu
apenas eu sou pura, apenas o meu amor é verdadeiro
todos os humanos são hipócritas e voláteis
menos eu
todos os humanos são cobardes e preguiçosos
menos eu

eu sou sobre-humana
os meus poderes são invencíveis
o meu amor é invencível e infindável
e por isso nunca hei-de morrer para sempre
antes, hei-de amar para sempre
sem nunca acreditar em mais nada
senão nisso
que o meu coração é imortal
e que os tubarões nunca vão beber do meu sangue
nem comer da minha carne
porque eu nunca mais hei-de fraquejar
e que eu hei-de ser minha até ao fim
e de mais ninguém senão de férias.

não importa o que se vê.
nem sequer importa o que se lê.
sou magnânima mas implacável.

3 comentários:

Davi Machado disse...

esse poema parece um mantra, uma auto-sugestão.
interessante, confessional...

Susana disse...

Achei engraçado falares em mantra porque usei essa ideia há uns tempos:

http://seriousandsober.blogspot.pt/2012/03/o-mantra-dos-amantes.html

Pensando bem talvez seja um estilo recorrente no que vou escrevendo. ;)

Anónimo disse...

susana e a escrita a surpreender... e surpreendida ;)