Os cães estão agitados,
ouço-os ladrar lá fora
e cerro os meus olhos culpados,
já exaustos por esta hora.
A chuva de Agosto
faz-me sentir responsável
como se consequência do meu próprio desgosto,
da minha tormenta infindável.
A humidade pesa
e impede-me de respirar com normalidade.
Enquanto tudo em mim se arrevesa
a clamar pela vazão da agressividade
sei que o mundo se revoltará
sem perdão para a minha instabilidade
e a voz uníssona dos cães soará
como sentença a cumprir pela eternidade.
Se está mau tempo a culpa é minha
e é culpa minha se os cães uivam.
Atravesso o ar frio e bebo desta chuva miudinha
e quero juntar-me aos cães, eles salivam
na expectativa do que vou fazer a seguir.
Mas até os cães me julgariam louca se com eles uivasse.
Fecha os olhos e tenta ouvir.
É como se fosse eu que me lamentasse
como se eu fosse os uivos dos cães na tua rua.
E fecha os olhos se sentires que chove.
É como se fosse eu que chorasse
e é até mim que a chuva aflua
e é à minha volta que o mundo se move.
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