Saber que não me amas
traz descanso ao meu peito
onde podes agora, sem complexos nem dramas,
encostar a tua cabeça por direito.
E eu posso beijar-te os olhos e o pescoço
apertar-te com força contra mim
sem causar qualquer destroço
sem termos em vista outro fim.
Os afectos entre nós serão mais sinceros
se desprovidos de intenções terceiras
sem nos deixarem inseguros
sem abismos nem fogueiras.
Basta dizeres as palavras certas
as que fecham o coração
sem nos tornarem pedras desertas
sem processos de fossilização.
As tuas provas de não amor
são o melhor que podes fazer
permitem-me ficar neste meu torpor
e permitem-me adormecer.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
sábado, 20 de agosto de 2011
Poema dos coelhos selvagens
O vento bate nas jarras e derruba as flores.
Tu sonhas de noite que não as consegues apanhar
porque elas voam sempre à tua frente.
De manhã as flores não estão lá
porque os coelhos selvagens as devoraram.
Deixaram os caules e defecaram onde comeram.
As floreiras estão cobertas de fezes e a relva está morta.
Vêem-se armadilhas para coelhos até ao infinito.
As inscrições estão cheias de erros ortográficos e gramaticais
e o meu riso profano corrompe o silêncio.
Tenho vontade de cantar para contrariar isto tudo;
se ao menos soubesse tocar guitarra
tudo seria diferente.
E não há ninguém que apanhe as jarras,
não há ninguém que limpe as flores secas,
ou que troque as de plástico que debotaram com o sol.
Ao lavar o mármore a água escorreu-me para os pés,
fiquei com os dedos cobertos de areia negra.
Por mais que os lave,
por mais que os lave,
tenho os mortos agarrados aos pés.
Esta noite pensei nos coveiros.
Vão jantar os coelhos que comeram as flores dos mortos.
Tu sonhas de noite que não as consegues apanhar
porque elas voam sempre à tua frente.
De manhã as flores não estão lá
porque os coelhos selvagens as devoraram.
Deixaram os caules e defecaram onde comeram.
As floreiras estão cobertas de fezes e a relva está morta.
Vêem-se armadilhas para coelhos até ao infinito.
As inscrições estão cheias de erros ortográficos e gramaticais
e o meu riso profano corrompe o silêncio.
Tenho vontade de cantar para contrariar isto tudo;
se ao menos soubesse tocar guitarra
tudo seria diferente.
E não há ninguém que apanhe as jarras,
não há ninguém que limpe as flores secas,
ou que troque as de plástico que debotaram com o sol.
Ao lavar o mármore a água escorreu-me para os pés,
fiquei com os dedos cobertos de areia negra.
Por mais que os lave,
por mais que os lave,
tenho os mortos agarrados aos pés.
Esta noite pensei nos coveiros.
Vão jantar os coelhos que comeram as flores dos mortos.
Poema de te cair nos braços
Perdoa-me, minha querida,
não te queria assustar.
Não foi a tua voz ríspida
o que me fez chorar.
Não foi culpa tua se colapsei
e não faz diferença o que pensaste
nem foste tu que me mataste.
Eu já estava morta quando cheguei.
não te queria assustar.
Não foi a tua voz ríspida
o que me fez chorar.
Não foi culpa tua se colapsei
e não faz diferença o que pensaste
nem foste tu que me mataste.
Eu já estava morta quando cheguei.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Poema de o mundo girar à minha volta.
Os cães estão agitados,
ouço-os ladrar lá fora
e cerro os meus olhos culpados,
já exaustos por esta hora.
A chuva de Agosto
faz-me sentir responsável
como se consequência do meu próprio desgosto,
da minha tormenta infindável.
A humidade pesa
e impede-me de respirar com normalidade.
Enquanto tudo em mim se arrevesa
a clamar pela vazão da agressividade
sei que o mundo se revoltará
sem perdão para a minha instabilidade
e a voz uníssona dos cães soará
como sentença a cumprir pela eternidade.
Se está mau tempo a culpa é minha
e é culpa minha se os cães uivam.
Atravesso o ar frio e bebo desta chuva miudinha
e quero juntar-me aos cães, eles salivam
na expectativa do que vou fazer a seguir.
Mas até os cães me julgariam louca se com eles uivasse.
Fecha os olhos e tenta ouvir.
É como se fosse eu que me lamentasse
como se eu fosse os uivos dos cães na tua rua.
E fecha os olhos se sentires que chove.
É como se fosse eu que chorasse
e é até mim que a chuva aflua
e é à minha volta que o mundo se move.
ouço-os ladrar lá fora
e cerro os meus olhos culpados,
já exaustos por esta hora.
A chuva de Agosto
faz-me sentir responsável
como se consequência do meu próprio desgosto,
da minha tormenta infindável.
A humidade pesa
e impede-me de respirar com normalidade.
Enquanto tudo em mim se arrevesa
a clamar pela vazão da agressividade
sei que o mundo se revoltará
sem perdão para a minha instabilidade
e a voz uníssona dos cães soará
como sentença a cumprir pela eternidade.
Se está mau tempo a culpa é minha
e é culpa minha se os cães uivam.
Atravesso o ar frio e bebo desta chuva miudinha
e quero juntar-me aos cães, eles salivam
na expectativa do que vou fazer a seguir.
Mas até os cães me julgariam louca se com eles uivasse.
Fecha os olhos e tenta ouvir.
É como se fosse eu que me lamentasse
como se eu fosse os uivos dos cães na tua rua.
E fecha os olhos se sentires que chove.
É como se fosse eu que chorasse
e é até mim que a chuva aflua
e é à minha volta que o mundo se move.
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