Reflectes-me a verdade
porque tenho os olhos cheios dela.
E não se trata de vaidade;
és apenas mais uma janela.
Nos momentos dispersos de solidão
és a minha melhor companhia;
entretenho-me a procurar-te, em vão,
porque não és mais do que eu seria.
Olho para o céu, procuro a rua;
espero que neve, espero pela chuva.
Mas nos espelhos não há lua
há apenas, por mais que chova, a minha face difusa.
terça-feira, 31 de outubro de 2006
sábado, 7 de outubro de 2006
Sob o signo de Platão
O teu sorriso é como uma noite nublada:
a tua língua é a lua, redonda e macia, às vezes pontiaguda;
os teus dentes as estrelas, cintilantes ou amarelos, não sei bem;
e os teus lábios são as nuvens, fofas e absorventes, que encobrem.
Deixa que cubram os meus,
deixa que absorvam o meu beijo.
Beijo-te.
Os teus olhos são cometas
que me atingem no peito brutalmente,
com o impacto e o fogo de mil vulcões.
Não voltes a voltar-te para trás,
que o álcool ferve-me as veias
e o meu coração bombeia
uma ternura violenta e nostálgica
que ameaça derreter o arame farpado
em que me tinha amortalhado
face a essa lava oftalmológica
(se até mesmo à visão da tua nuca...)
Beija-me.
Chamo-te Orfeu,
que insistes em olhar para trás
nessa curiosidade pagã.
Contra os teus olhos incandescentes
que mais posso eu
a não ser desejar ver-te amanhã?
Deixa-me beijar-te outra vez.
E beija-me uma última vez,
que por ora me estás interdito
e não sei se é por seres proibido
que cada vez mais me tens apetecido.
Acho que a culpa é do Platão, esse maldito!
a tua língua é a lua, redonda e macia, às vezes pontiaguda;
os teus dentes as estrelas, cintilantes ou amarelos, não sei bem;
e os teus lábios são as nuvens, fofas e absorventes, que encobrem.
Deixa que cubram os meus,
deixa que absorvam o meu beijo.
Beijo-te.
Os teus olhos são cometas
que me atingem no peito brutalmente,
com o impacto e o fogo de mil vulcões.
Não voltes a voltar-te para trás,
que o álcool ferve-me as veias
e o meu coração bombeia
uma ternura violenta e nostálgica
que ameaça derreter o arame farpado
em que me tinha amortalhado
face a essa lava oftalmológica
(se até mesmo à visão da tua nuca...)
Beija-me.
Chamo-te Orfeu,
que insistes em olhar para trás
nessa curiosidade pagã.
Contra os teus olhos incandescentes
que mais posso eu
a não ser desejar ver-te amanhã?
Deixa-me beijar-te outra vez.
E beija-me uma última vez,
que por ora me estás interdito
e não sei se é por seres proibido
que cada vez mais me tens apetecido.
Acho que a culpa é do Platão, esse maldito!
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