O que foi leve torna-se insuportável.
Podia ter sido simples, uma doçura fugaz,
mas, descubro agora, perdura numa acidez indelével.
E a sensação de flutuar é uma memória atroz.
Tentei segurar o peso de saber a verdade
e acabei agrilhoada a uma ideia de liberdade.
Procurei com tal ardor mantê-la organizada e intacta
que não soube distinguir o limiar da obsessão
e atravessei as portas todas numa caminhada exacta.
Onde me trouxe está a danação.
Quando pensei que recuperava a nitidez no olhar
distraí-me nisso, esquecida de que haviam outros sentidos.
Foi um perfume no ar,
um sabor na minha língua,
a recordação táctil nas pontas dos dedos,
a minha humanidade completa a chiar de míngua.
E de tanto desejar o vazio,
de implorar a ausência de alma,
de sussurrar no escuro com medo do silêncio,
aprendi a derrotar o meu carcereiro.
Amor, amor,
eu tinha chegado primeiro.
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3 comentários:
belo poema. o final ficou perfeito. gostei.
Olá, adorei seu blog e estou aqui seguindo.
Me segue de volta?
Beijos...
http://despertardocoracao.blogspot.com/
tem textos fantásticos, gosto muito da maneira como escreve. Parabéns!
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