segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Antílope

Ah, por dentro, por dentro, de dentro.
Sempre para dentro, para o umbigo.
É na barriga que se acumulam as sensações.
Por dentro.
Tenho a barriga cheia de emoção.
Trinco pastilhas para a azia,
para apagar o fogo que me consome por dentro,
mas não se extingue.
Custa-me não confundir uma coisa com a outra.
É com esforço que separo o que é corpo do que não é.
Mas nunca chego a saber se não é.
Eu acho que é.
É físico, isto que sinto.
Sinto com o corpo.
São células e coisas científicas.
São bocados físicos de mim que ardem e se contorcem,
de emoção.
Emoção, sensação, impressão.
Coisas que sinto de forma não completamente imaginada.
Talvez isto inche quando chega ao cérebro.
Talvez ganhe dimensão com as ideias que nascem da minha barriga.
Proporcionalmente.
E as emoções ganham quase uma qualidade simétrica, geométrica, quantificável.
Hoje sinto na barriga a emoção equivalente a um antílope.

2 comentários:

Geraldo Brito (Dado) disse...

Saudações e parabéns pelo blog!

Freud Explica disse...

Gostei do texto.
Muito bom!

Abraço.