É o Outono,
claramente.
É tudo a ficar mais
frio, mais indiferente.
É tudo amarelar-se e
cair devagar.
É eu não ouvir nada
porque está tudo
submerso em chuva,
como um cobertor de
água ruidosa
que me separa do resto
do mundo.
É escrutinar o passado
e não querer saber o futuro.
É engolir em seco
sobre a garganta cansada.
É pestanejar devagar
para fazer durar o
tempo em que se está de olhos fechados.
É ser-se assombrado
por memórias de coisas que não aconteceram
e as emoções sobre
isso serem mais fortes
do que a dor de um dedo
cortado em papel.
É, claramente, Outono.