sexta-feira, 19 de julho de 2019
o poema mais longo
a maior parte das vezes
não quero morrer.
28 de Dezembro de 2018
finito azul
aparente estático
o som de motores oculta a revolta silenciosa
e a vida escondida
como olhos fixos no horizonte
ocultam a vida por cumprir
a vida sempre por começar
a criar a ilusão de continuidade
mas o que lá está é apenas a ausência
tudo enfim, tudo no fim
finito tudo, finito todo
28 de Dezembro de 2018
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Ovo
foi uma pequena nuvem que se transformou em turbilhão
começou na outra ponta do mundo e sugou
toda a miséria e toda a fome que existe
quando passou por mim estava cheia demais
e desabou
toda a fome e miséria do mundo
no meu coração
atravessou-me
e o meu coração partiu-se como um ovo
a casca desintegrou-se
e o núcleo derramou-se
magma centenário
liquefez o que restava das minhas entranhas
por dentro sou uma papa informe e dolente
por dentro sou restos de desgraça
por dentro sou eu
por dentro tudo isto está vivo
por dentro tudo isto morde
por dentro a fome e a miséria querem sair
e eu purgo as entranhas liquefeitas e dolentes
em vómitos e infernos sacudidos
e ficaram apenas os segredos
de fomes e misérias muito mais antigas
muito mais sérias.
os segredos
da boca cosida
em casca de ovo
o mundo não acabou
e a fome e a miséria não acabaram
e os segredos não acabaram
e eu não acabei
e as costuras não se romperam
não mudou nada.
foi só uma interrupção.
e agora não dou pelas horas
enquanto assobio canções velhas
e apanho vento nos olhos
com a mesma voz de sempre
e os mesmos pés de sempre
e tudo fala comigo com palavras diferentes
e tudo voltou ao normal
e eu sou a memória de tudo
domingo, 22 de novembro de 2015
Poema outonal
terça-feira, 30 de junho de 2015
Poema da juventude eterna
sou lembrada
da fealdade
da violência
do potencial desastroso
que há em mim
Ao atravessar uma passadeira
e ao conversar com amigos
Desprezo a humanidade
e peço pelo escuro
e por música alta
e cruel
que pode muito bem ser Wagner
E é por isso
que vou viver para sempre
quinta-feira, 30 de abril de 2015
pequenez
pequenas felicidades
dores de dentes
e incomparáveis atrocidades
uns poucos presentes adocicados
fazem estender o suplício
dos dias envenenados
a catalogar a vida como vício
ao correr
consigo arrastar a cabeça
em lugar de arrastar os pés
quarta-feira, 18 de março de 2015
Para esquecer
ou então finjamos
que foi uma lição de vida
que teve qualquer significado
que não foi sofrido para nada
isto tudo, esta coisa
esta raiva
desesperada e impotente
de o ar ser sólido
a entrar pelas narinas
e a colar-se à pele e à roupa
e a fundir-se com o meu cabelo,
de o ar ser composto
de infelicidade e de ignorância
e mais nada - nada.
E isso impregnar-se em mim.
Aqui, nenhum sorriso é sincero
e todos os olhos procuram a saída
e eu dissolvo-me,
escorro lentamente pela cadeira
e só fico triste
faz-me pena
e lamento-me
mas não é possível fingir que isto foi outra coisa.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
poema parado #2
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
poema parado #1
pausa
pausa
pausa
é tudo tão mágico.
sábado, 29 de março de 2014
Primeira canção:
domingo, 1 de dezembro de 2013
Puto de fuga.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
A canção do pirilampo
quarta-feira, 3 de abril de 2013
poema trágico e aflito
o tempo todo
terça-feira, 2 de abril de 2013
poema do fundo do coração
é, na verdade, do tamanho do universo
nele cabe tudo o que houver para sentir
e cabem todos os que eu parar para ouvir
mas a gravidade de um coração assim
é mais forte que se fosse de pedra ou impermeável
porque nada se escapa de mim
e eu sou incontornável
o meu coração não tem fundo
aqui ninguém permanece
e a queda é para sempre
mas do vácuo permanente
também ninguém desaparece
desgraçadamente
sexta-feira, 1 de março de 2013
poema de acordarmos juntos
poema de ser uma traça
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
O ódio
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Berlin Blues
You were holding a bottle of gin
You said to me: "This is the best.
C'mon, try it. Put my word to test."
And then, little, oh, little did I know
That by next morning's morning snow
I'd have already tasted you
And that's why my gin now tastes blue.